Viagem para Buenos Aires

 


A capital da Argentina é um arraso em matéria de turismo para brasileiros. Todo ano os brazucas desembarcam aos borbotões, e não é sem motivo um delicioso mix de boemia, gastronomia e música espera você na terra dos hermanos!



Marcos turísticos... se é que importam.

Buenos Aires tem seus marcos turísticos, mas logo aviso que isso é o menos interessante da cidade. Você pode visitar a Casa Rosada, sede do governo, em cuja praça os argentinos organizam seus panelazos de vez em sempre; pode visitar a Catedral, nesta mesma praça, que é uma bela igreja; pode visitar o emblemático Obelisco da avenida Nove de Julho, ao redor do qual Diego Maradona NÃO deu a volta pelado para nossa sorte. Estes e outros marcos você pode ver em um city tour, se é sua primeira vez por lá. Mas saiba que o melhor de Buenos Aires é o lifestyle este sim encanta e contagia.


Sem pressa para nada

Não importa o tamanho da crise que os argentinos atravessam e eles sempre parecem estar numa crise o ritmo de vida permanece o mesmo. Tranqüilo, como que marcado por um compasso de tango. Nada lá acontece muito cedo (deve haver um horário comercial, mas eu nunca vi), e também nada acaba muito cedo. E, no meio do caminho, várias pausas para um café, ou um vinho, ler o jornal...A verdade é que não é raro você se sentar em um café no centro da cidade, as 3 horas da tarde de uma terça-feira e encontrar vários locais conversando, bebendo, fumando... como se fosse sábado. Aliás, a conversa nos cafés é mais que um hábito, é uma característica antropológica dos portenhos, que fazem destas ocasiões uma espécie de celebração cotidiana ao savoir vivre.Aqui fica uma boa dica para escolher seu café quanto mais cheio, melhor. E quanto mais argentinos, melhor.


Caindo de boca em La Boca

Agora, melhor que um belo café é um café num lugar charmoso. Uma boa recomendação é o inevitável bairro de La Boca. Antigo pedaço barra-pesada, foi revitalizado e hoje abriga uma favela para turistas, que são as antigas casas de madeira e latão, pintadas de cores fortes, que agora estão recuperadas e servem de abrigo para as galerias de arte, lojas, restaurantes e... cafés!La Boca também é o bairro natal do Boca Juniores, um dos times mais populares e famosos do país, que nos deu Diego Maradona aquele que NÃO correu pelado em volta do obelisco. Se é seu interesse, há visitas a La Bombonera, o estádio do clube que recebeu este nome por parecer um pote para bombons.


Puerto Madero e um cassino flutuante

Outra região que passou por uma revitalização incrível é Puerto Madero. Um canal escavado a partir do rio da Prata dava acesso a uma série de armazéns. Com o tempo, o canal ficou pequeno, os navios não entravam e os armazéns micaram. A solução foi transformar tudo em lojas e restaurantes (no piso térreo) e escritórios (nos pisos altos). Em Puerto Madero é possível encontrar desde american food, com hambúrgueres e batatas, até as especialidades locais.Ao final do canal de Puerto Madero há um cassino. A lei proíbe cassinos em terras portenhas, então este usa um expediente maroto: está instalado em um barco, permanentemente atracado em Puerto Madero. Assim, o cassino não está em solo portenho, mas sim no mar... e no mar pode. Dá para acreditar?


Cacarecos em San Telmo

Todos os domingos, o bairro de SanTelmo recebe uma feirinha de antiguidades. Na pracinha do bairro, centenas de barraquinhas se esparramam vendendo de tudo um pouco, mas especialmente objetos antigos. Dá para garimpar coisas muito interessantes, a preços portenhos, que são ainda mais interessantes.Outra atração da feira de San Telmo são as famosas placas de madeira pintadas, ao estilo La Boca muito coloridas, letras rebuscadas. Um souvenir típico que dá até para aproveitar na decoração de sua casa. Especialmente perto da churrasqueira, como fazem os argentinos.


Centro e La Calle Florida

Com tantas renovações na cidade, curiosamente o centro ficou para trás é de longe a parte mais mal-cuidada, mas não quer dizer que seja feio. As ruas, mais estreitas, abrigam comércio e bancos, e as principais, tudo isso mais cafés e shoppings. A mais famosa das ruas do centro é a Calle Florida, endereço obrigatório para as comprinhas. Lá você acha desde os pulôveres de lã, passando por casacos de couro, perfumes, botas... Dificilmente você vai ter tanta oferta reunida como na Florida. Um bate-perna obrigatório.

A avenida Nove de Julio é a outra artéria do centro. Mas ela tem a desvantagem de ser muito larga na verdade é a avenida mais larga do mundo. Isso isola um lado do outro. Do lado do centro, há vários hotéis, cafés, cinemas e lojas. Já do lado oposto, a oferta é menor e o destaque é o lindo e recém restaurado Teatro Colón, um orgulho argentino que oferece tours para os turistas conhecerem não só a platéia, mas também as coxias e bastidores.


Parque Palermo

O principal parque da Argentina chama-se Parque Palermo, e fica no bairro mesmo nome. Uma boa dica é visitá-lo no domingo de sol, quando ele está cheio de argentinos aproveitando a vida. Parte da viagem é conhecer como vivem os locais, não é?


Santa Evita e La Recoleta

Eva Perón, primeira mulher do ex-presidente Juan Perón, é um ícone argentino. Reverenciada por milhares, recebeu até a homenagem do inglês Lloyd Webber, que compôs um musical contando sua história quem não se lembra do sucesso Don´t cry for me, Argentina?A história de Evita é um verdadeiro tango, até depois de sua morte seu corpo foi embalsamado, roubado, depois recuperado, e hoje está sepultado no cemitério de La Recoleta, um bairro chique de Buenos Aires. Seu túmulo, mais que local de adoração, virou atração turística e hoje centenas de turistas invadem o cemitério todos os dias para ver o local onde estão os restos da antiga primeira dama. Se o turismo de cemitério não é sua praia, ainda assim você tem que visitar a Recoleta o bairro. Especialmente a noite, quando os inúmeros restaurantes na praça se iluminam a espera de clientes que queiram provar desde frutos do mar até comida patagônica. Mais ainda, muito perto da praça há um grande shopping Center, com centenas de loja e cinemas, freqüentado pelos locais.


A soberba experiência gastronômica

Talvez o melhor de Buenos Aires seja a farta e infindável experiência gastronômica. Lá você vai comer muito bem, e beber ainda melhor. Veja os principais destaques:Carnes a grande atração em termos de comida. A carne argentina é fabulosa e invariavelmente muito bem preparada. O mais famoso é o Bife de Chorizo, que por aqui conhecemos como contra-filé. Cortado em fatia grossa, com uma inseparável capa de gordura, é preparado no fogo de carvão, com brasa alta. Um must em termos de Argentina.Outras carnes que merecem comentário são o Bife de Tira e o Tapa de Cuadril. Novamente, feitos na brasa, no melhor estilo argentino.Vinhos Não é de hoje que os vinhos argentinos tem fama. E é plenamente justificada. O melhor de tudo é que lá você vai achar exemplares de ótima qualidade por preços convidativos. Aproveite e traga umas garrafas na mala...Pâtisseries Os chamados pasteles, os doces feitos de massas recheados com geléias, são uma pedida obrigatória para acompanhar o cafezinho.Churros Outro sucesso das cafeterias, o churro por lá não tem recheio, mas é bem maior que o brasileiro, a ponto de ser dobrado ao meio. Geralmente servido junto com chocolate quente.Empanadas Mais um produto argentino que ganhou o mundo, a massa recheada assada tem um sabor especial quando é feita em seu país natal.Doce de leite Ok, tem doce de leite aqui também. Mas o argentino tem uma composição diferente, com mais leite e menos açúcar. Alfajor O típico doce de duas bolachas amanteigadas recheadas com chocolate ou doce de leite  é delicioso e também um excelente souvenir. Opções com ou sem cobertura.


Baladas e Tango

Quem chega pela primeira vez a Buenos Aires tem que assistir ao menos um show de tango. Há vários na cidade, com ou sem jantar incluído. Os bailarinos são incrivelmente hábeis e é  difícil acreditar que fazem tantas voltas sem cair ou se chutar. E embora os argentinos de fato dancem o tango, não dançam nas casas de shows essas são só para turistas. Os argentinos dançam nas chamadas milongas, as casas de dança para os locais. Mas os turistas são sempre benvindos.

E há outras baladas, que invariavelmente começam a partir das 11 da noite. Lá, ninguém tem pressa. Ninguém vai para cama cedo. Muito menos você, turista, que não precisa acordar cedo no dia seguinte.