Viagem para o Canadá

 

 

Por onde começar? Tão grande e tão belo, é preciso mais de uma viagem para começar a conhecer o Canadá. Se a preferência for pela vida cosmopolita, moderna, pela cultura, história então inicie pelo leste. Mas prepare-se também para se encantar com paisagens de tirar o fôlego porque, no Canadá, o que não falta é beleza natural. É nessa região leste que fica a província de Quèbec, tão grande quanto o Amazonas,  que já tentou até ser um país independente. Ali o idioma é o francês, embora também se fale inglês, a língua oficial do restante do país. Por quê? Os franceses chegaram primeiro por lá e foram avançando, assim como fizeram os nossos bandeirantes, conquistando as terras do interior. E os ingleses, que vieram depois, tomaram o país inteiro, mas nunca conseguiram mudar a cultura francesa desta grande porção do Canadá.

 

A França do lado de cá

Mas não é só o idioma que nos remete à França. Viajar pelo interior da província de Quebec chega até a confundir a gente. São propriedades rurais que lembram aquelas do interior da douce France, bistrôs, culinária, abadias que produzem licores e queijos imperdíveis. Montreal (lá eles falam Mont Real) é sua maior cidade, cosmopolita, chique, centro de artes, sede de inúmeros festivais e eventos que acontecem todos os anos , do Juste pour Rire, um dos maiores festivais de comédia do mundo, ao  prestigiado Festival de Jazz e o Grand Prix de Montreal, a parada gay  e muitos mais que animam a cidade, especialmente durante o verão. Montreal é elegante, com arquitetura preservada, em estilo francês, mas também com construções modernas, futuristas. E ainda é a capital gastronômica do país e uma das cidades mais seguras do continente, aspecto que agrada especialmente a nós brasileiros. Mas uma das coisas que impressiona na cidade, são seus parques. Há verde por todo lado. No verão eles são destinos favoritos para piqueniques, shows, festivais e, no inverno, são cenário para esqui e patinação. No Parque Mont-Real, criado por Frederick Law Olmsted , o mesmo designer do Central Park, vale a pena caminhar só para ver vista incrível da cidade. Outros parques: La Fontaine, Jean Drapeau, (onde fica o cassino), Saint Michel (é lá a sede do Cirque Du Soleil), René Lévesque, além do Jardim Botânico, um dos maiores do mundo. Na cidade onde a preocupação em preservar a natureza é imperativa ainda há o Biodrôme, antigo estádio de ciclismo transformado em museu dos ecossistemas mundiais.

 

Velha Montreal e cidade subterrânea

A região histórica da cidade é a Vieux Montreal  iniciada no século 17,  uma área de pouco mais de um quilômetro quadrado, que atrai milhões de turistas todos os anos. Vale a pena caminhar por suas ruas charmosas, com calçamento de pedra, observar os edificações importantes como Notre Dame, ou prédio do Banco de Montreal. Mas o lugar do buchicho é a Praça Jacques Cartier, bem no centro da cidade velha, com seus cafés, músicos e artistas se apresentando por lá. Mas se quiser andar de carruagens, vá até a Place-D'armes que já foi cenário de diversas batalhas e eventos militares enquanto na Place de la Grande-Paix  está a lembrança da chegada dos primeiros franceses que ali atracaram seus barcos. Mas ainda tem a Place Royale, a mais antiga da cidade, a Place dês Arts, sede da Orquestra Sinfônica e da Ópera de Montreal. Se estiver com tempo sobrando e o clima permitir, a pedida é uma caminhada ao longo do rio São Lourenço onde há cafés, restaurantes, museus. A temperatura na cidade varia de 9 graus negativos a 21 positivos, no verão. Portanto, nos dias frios, o melhor mesmo será usar a cidade subterrânea, uma das maiores do mundo, com 32 quilômetros de túneis arejados e iluminados que interligam lojas, edifícios e metrô e por onde, protegidas do frio ou da chuva, cerca de meio milhão de pessoas circulam diariamente.



Uma jóia chamada Quebec City

Se há um lugar que não se pode deixar de visitar no leste canadense é Québec City, um dos mais belos exemplos de cidade colonial fortificada. Na parte alta (haute ville) construída pelos franceses no século 17, importantes edificações  preservadas como a Citadelle, antiga fortificação militar (patrimônio da Unesco), igrejas, conventos, monumentos, edifícios administrativos e Château Frontenac, imponente no alto da esplanada rochosa - o mais conhecido cartão postal da cidade -, hoje transformado em hotel. O melhor de Quebec será começar pela cidade alta, curtir a esplanada antiga prepare a câmera porque há muito o que fotografar e descer a pé pelas vielas e ruas até a cidade baixa (basse ville) com calçamento de pedra, casas também de pedra ocupadas hoje por charmosas lojas, butiques, centros de artesanatos, restaurantes. Absolutamente imperdível.

 

Toronto


Estamos no Canadá de língua inglesa. Como muitas outras cidades, Toronto, a maior cidade canadense, reúne gente de todo o mundo cerca de 80 diferentes etnias. O aspecto multicultural aparece no jeito cosmopolita de ser, e faz com que seja comparada com Nova York. Mas Toronto, que fica na província de Ontário, vizinha dos Estados Unidos, à beira do lago de mesmo nome é também uma das cidades mais limpas e mais seguras da América do Norte, com estações do ano bem definidas e de temperaturas extremas. Assim, no inverno rigoroso, a dica é caminhar pelo Path, conjunto de 27 quilômetros de vias subterrâneas onde há lojas e serviços disponíveis e saída para os principais pontos da cidade. Toronto é ótima para compras com muitos shoppings, magazines e lojas de marca e também para vida cultural. Praticamente todas as peças da Broadway são encenadas por lá e, em gastronomia, a diversidade cultural deu à cidade ótimas opções culinárias. Como a italiana, presente com toda força no distrito Little Italy, de atmosfera  europeia, com trattorias e charmosos cafés.
Quer ter uma visão surpreendente? Então suba (de elevador) a CN Tower, cartão postal da cidade, para ver o mundo ali do alto dos seus 550 metros. Mais emoção? Então caminhe pela Skywalk e você vai pensar que está num filme de ficção científica, com corredores e pontes de vidro ligando  a estação de  metrô da Union Station  a três  atrações turísticas da cidade: a CN Tower, o Rogers Centre e o Metro Convention Centre. E não esqueça a câmera porque a visão é fantástica. Mas ainda tem a Yonge Street, a rua mais longa do mundo, a Casa Loma, castelo particular de um milionário, a Art Gallery of Ontario e o Royal Ontario Museum com sua coleção de dinossauros. Pouco mais de 100 km separam Toronto de  Niagara Falls, as famosas cataratas que ficam na fronteira com os Estados Unidos. O espetáculo da natureza é o motivo do passeio mas há compras, restaurantes bem legais por lá e o programão básico de subir à Skylon Tower para ter uma vista panorâmica.

 

Ottawa

A capital canadense é uma cidade de belos edifícios, especialmente o do Parlamento, tudo com jeitão britânico inclusive a troca da guarda, diária -, e  torre que lembra o Big Ben.Tranqüila e bem estruturada, é cortada pelo canal Rideau, favorito de turistas para passeios de barco, no calor e que se transforma, como  muitos outros rios e lagos canadenses, em pista de patinação, no inverno. Outras atrações da cidade: National Gallery of Canada, Rideau Centre, Catedral Notre Dame ,National Art Centre, Château Laurier Hotel, Canadian Museum of Civilization, Casino du Lac-Leamy, Le Cordon Bleu Ottawa Culinary Arts Institute. Em Ottawa também acontecem muitos festivais e um dos mais famosos é o Festival de Tulipas, quando são plantadas milhares de tulipas, flor com a qual a família real holandesa presenteou o país, por ter lhe dado abrigo, durante da Segunda Guerra Mundial.
 


Como uma pintura


No outono, o leste canadense se cobre de dourado e vermelho. É quando as folhas das árvores exibem a coloração que anuncia a proximidade do inverno, num espetáculo de beleza única. São poucas semanas no ano e atrai milhares de turistas, câmera em punho, tentando registrar em foto toda aquela beleza. Existe até cruzeiros marítimos especialmente dedicados ao fenômeno da foliage, que entram pela costa leste, toda recortada por baías, onde o rio São Lourenço deságua no mar. Também no litoral atlântico lugares pitorescos como a Nova Scotia, com pequenos povoados, faróis e muita lagosta. Tanta que até inspira um festival anual do suculanto crustáceo.
Mas ainda tem a província de Terra Nova e Labrador, onde é possível avistar baleias e icebergs, mesmo no verão, onde está o LAnse aux Meadows, (patrimônio da Unesco) testemunhando com artefatos, os rastros vikings na região

Gastronomia

Segundo maior país do mundo, com dez províncias, três territórios, uma porção de imigrantes e mais a influência da população nativa, a comida no Canadá varia, conforme a localidade. No Canadá francês, a óbvia influência da gastronomia européia, das aves, caças e muitos queijos; em Toronto, todo tipo de culinária da chinesa à italiana e portuguesa e muitas mais. No Atlântico, peixes, frutos do mar, e lagostas predominam. No extremo oposto, no oeste, salmão é o protagonista e nas áreas centrais, as carnes. Mas o Canadá avança pelo território Ártico e lá a truta impera. Em matéria de doce, há de tudo, porém o mais típico mesmo é o marple syrup, aquele mel extraído do plátano, árvore típica do Canadá cuja folha ilustra sua bandeira. Servido sobre panquecas, sorvetes, na preparação de tortas e pães ele também pode se transformar num pirulito instantâneo, misturado ainda quente à neve.