Viagem para Egito

 

Cleópatra, as Pirâmides, múmias, faraós, o Nilo e muito mistério em, no mínimo, cinco mil anos de História. O Egito não é um mero destino turístico. Viajar por seu território é como mergulhar nas profundezas da História da Humanidade onde os monumentos que testemunharam a passagem dos povos, a organização da sociedade estão ali, para o desfrute do viajante.
Cairo, a caótica capital do Egito é a porta de entrada no país. São cerca de 8 milhões na cidade e mais de 17 milhões na região metropolitana. Vencendo o trânsito enlouquecedor provavelmente entre os três piores do planeta - chega-se às pirâmides de Gizé, o principal cartão postal do Egito. Fotografadas com o deserto ao fundo, nem parece que estão ali, tão pertinho da cidade, e esta é um surpresa para todo turista que vai pela primeira vez ao encontro do mistério das pirâmides e da Esfinge.
Construídas como sepulturas cerca de 3 mil anos antes da Era Cristã, as pirâmides de Miquerinos, de Quéops (a maior delas, com 138 metros de altura e mais de 6 toneladas de pedras) e de Quéfren eram uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, a única delas que sobreviveu até nossos dias. Passeio obrigatório a quem está no Cairo, é possível entrar em uma das câmaras internas, com paredes revestidas de pinturas (bastante desbotadas pelo tempo) aquelas típicas ilustrações em perfil, tantas vezes reproduzidas mundo afora. Andar pelo deserto, admirar as pirâmides e a Grande Esfíngie de Gizé é um prazer especial. E o mais incrível é saber que esta estátua, uma das maiores lavradas numa única pedra em todo o mundo, deve ter sido esculpida 3 mil anos AC mas foi abandonada e acabou encoberta pela areia do deserto até 1400 aC, quando foi, em parte, desenterrada. Essa figura com cabeça de mulher, corpo de leão com 57 metros de comprimento, 6 de largura e 20 de altura, impressiona e faz pensar. Chama atenção a falta do nariz de que, diz a lenda, teria sido arrancado por balas de canhão da artilharia de Napoleão Bonaparte ou talvez por ato de vandalismo de fanáticos sufi, em 1378,em represália aos camponeses que deixavam oferendas à esfinge na esperança de aumentar suas colheitas. Deixe a imaginação correr solta enquanto observa este incrível cenário, mas não se esqueça do boné ou chapéu porque o sol, no deserto, é inclemente.
Em Gizé, difícil mesmo é escapar dos beduínos que tentam, a todo custo, fazer o turista subir nos mal humorados camelos. Para quem se arriscar, a foto, com as pirâmides ao fundo, certamente valerá a pena.

Mas essas não são as pirâmides mais antigas do Egito. A primeira delas ainda existe, não longe do Cairo (cerca de 20 km, deserto adentro) e fica no sítio arqueológico de Sakkara. Trata-se de uma pirâmide em degraus. Há bastante coisa a ser vista em Sakkara onde as tumbas tem muitas inscrições e relevos que mostram como era a rotina no Egito Antigo.

De volta ao Cairo, programa obrigatório é visitar o Museu Egípcio, que data de 1902 e guarda objetos importantes conseguidos nas escavações iniciadas no século 19. Embora muitas das relíquias do Egito tenham terminado em museus da Europa, neste ainda é possível ver imponentes estátuas, sarcófagos, múmias enigmáticas, adornos de ouro do mais célebre dos faraós, Tutankamon, e muitos outros tesouros.

O Egito do século 21 é bem diferente do país dos faraós. Hoje ele é uma mistura de etnias: egípcios, berberes, beduínos, gregos, armênios e europeus, que tem como a língua oficial o árabe mas onde também se fala inglês e francês, um país com 70 milhões de habitantes, dos quais 84% são islâmicos

No Cairo do século 21, vale a pena visitar a Praça Tahir, marco da revolta conhecida como Primavera Árabe, iniciada em 25 de janeiro de 2011 que culminou com a deposição do Hosni Mubarak, ditador que se mantinha há 30 anos no poder. Outra opção que vale a pena é percorrer o trecho urbano do Nilo numa falucha, o veleiro típico do Egito.
No momento das compras, nada mais pitoresco do que o mercado Khan al-Khalili onde é possível comprar todo tipo de artesanato, papiros ilustrados com imagens do Egito Antigo, além de perfumes, essências. Mas a regra para as compras é a barganha. Pechinchar é parte integrante do processo de compra que pode demorar bastante até que as duas partes entrem em acordo. Já quem procura antiguidades deve ir ao centro, na rua Shara Hoda Sharaawi e para quem preferir modernidade, há o shopping center World Trade Center, em Boulaq, com mais de 100 lojas. Há várias lojas especializadas em tapetes artesanais e é possível, inclusive, visitar uma dessas indústrias, outra opção para compras.

Comer e beber

Na culinária egípcia predominam os grãos como fava, grão de bico e lentilha que entram na composição de pratos como o fool - um ensopado consistente feito de grãos de fava temperados com pasta de gergelim e suco de limão ou o koshary, uma mistura de espaguete, cebolas fritas, lentilhas, ou ainda na sopa chamada de Mouloukheyya. Os sabores árabes predominam em pratos como o baba ghanoug (pasta de berinjela, alho e tahine), nos kebabs tanto de carneiro como de frango. Outro prato típico é o taamaya, parecido com o felafel israelita, uma bolinha de massa feita de grão de bico frita servida com pão (redondo, sem fermento) ou salada. E quem estiver com pressa e quiser um lanche rápido a dica é o
Shawarma, carne de cordeiro cortada em fatias bem finas, junto com salada e tahine, enrolados no pão sírio encontrado principalmente nos mercados e nas feiras. Peixes e crustáceos também fazem parte da gastronomia egípcia, especialmente nas proximidades do Mar Vermelho e, dê adeus à dieta, na hora da sobremesa com doces e pudins, como o
mohallabeyya (creme à base de farinha de arroz, perfumado com água de rosas e com pistache), Om´ali (massa fininha cozida e encharcada em leite muito açucarado, misturada com coco e pistache) e Konafa (massa de pistache, avelãs e nozes, envolta em aletria e mel). O clima quente do Egito pede refrescos como o karkadeh feito de pétalas secas da flor do hibisco e os sucos de frutas; bastante popular, por lá o Assab , versão egípcia da garapa, assim como o excêntrico Er'sous (suco de alcaçuz), o Lamoun (suco de limão verde), ou o Assir Borto'an - suco de laranja. No inverno, a bebida é o sahleb -quente, doce e leitoso, misturado com passas, amêndoas e coco. Cervejas também são populares no Egito, especialmente no verão mas durante o mês sagrado do Ramadan muitos locais não servem bebidas alcoólicas.

 

Luxor, Karnak e mais

O Egito dos faraós, da grandiosidade e do poder fica ao sul do país, em Luxor, a antiga Tebas (670 km ao sul do Cairo) da época de ouro dos faraós ( de 1550 a 1069 AC) onde estão os templos de Luxor e Karnak, alguns dos maiores do Antigo Egito. O Templo de Luxor é o monumento mais relevante da cidade, obra de Amenhotep III e Ramsés II, faraó que continua ali presente através de imensas estátuas que o reproduzem. Dos dois obeliscos que haviam ali, um deles se encontra, desde 1836 , na Place de la Concorde, em Paris.
A grandiosidade do mundo dos faraós foi exaustivamente reproduzida em filmes mas ainda causa espanto, surpresa e admiração quando se está diante do templo que mede 260 metros no total, dividido em várias salas e pátios com 74 colunas ao redor do pátio e ilustrações representando o faraó com diferentes divindades.
O Templo de Karnak , dedicado a três deuses - Amon-Rá, Mut, e Khons - sucessivamente aumentado por diversos faraós, levou mais de mil anos para ser finalizado; é um complexo de santuários e obeliscos com 1,5km de extensão e que merece uma visita demorada para apreciar suas pinturas, relevos e obeliscos; imperdível a sala hipostila, um imenso salão que possui 134 colunas com mais de 6 mil metros quadrados. Tudo grandioso, de proporções imensas, sejam as colunas, o grande portal de entrada, ou a longa avenida que unia os templos de Luxor e Karnak , ladeada por filas de esfinges, parte delas ainda presentes por lá, testemunhas mudas dessa longa história.
Se a vida é celebrada aqui, do lado oposto a Luxor, na margem ocidental do Nilo, fica o Vale dos Reis, dedicado à morte, uma imensa necrópole onde, em 1922, foi descoberta a tumba de Tutankhamon. Escavações, explorações, pesquisas e conservações iniciadas há dois séculos ainda continuam a ser feitas no Vale dos Reis que é, atualmente, um centro de turismo com 67 tumbas e câmaras, variando em tamanho desde uma simples câmara aberta na rocha até um complexo com mais de 120 câmaras e com muitas de suas tumbas abertas ao público. Apesar de tantos saques e violações, o Vale dos Reis continua a surpreender. No final de 2011 arqueólogos encontraram o túmulo e a múmia preservada de uma mulher que teria sido cantora no Templo de Karnak, um dos mais famosos e maiores locais de eventos ao ar livre da era faraônica.

Há várias maneiras de se visitar Luxor, Karnak e o Vale dos Reis, inclusive através de um cruzeiro pelo Nilo, uma experiência que permite também o contato com o interior do país e com a flora e fauna local.

 

Sinai, Assuã

"Shibh Jazirat Sina", em árabe, a Península do Sinai liga os continentes da Ásia e África. Região árida, foi ocupada por Israel de 1967 a 1982, quando foi devolvida ao Egito. Na península, o destaque fica com o Monte Sinai, local sagrado para cristianismo, judaísmo e islamismo, um pico com 2.285m de altura onde, segundo conta a Bíblia, Moisés teria recebido de Deus os Dez Mandamentos. Frequentemente este destino é combinado com viagem a Israel.
A vocação para os negócios é secular em Assuã, ao sul do Egito, antigo entreposto de rotas de caravanas. A tradição continua com turistas e comerciantes negociando, nos dias de hoje,
echarpes, camisas, túnicas, frutas, especiarias, notadamente canela, açafrão e chás.
A vida da cidade e da região mudou quando da construção da represa de Assuã . A inundação causada ao se criar o lago Nasser, obrigou a transposição dos templos de Ramsés 2º e de sua mulher, Nefertari, para Abu Simbel, 280 quilômetros ao sul. Tudo cortado e transportado para local alto, longe das enchentes onde hoje estão as quatro gigantescas estátuas de Ramsés 2º, três das quais intactas.

Segunda maior cidade do Egito, Alexandria, às margens do Mediterrâneo, hoje o principal porto do país viveu, como poucas cidades do mundo, dias de glória. A cidade fundada por Alexandre, o Grande, que tinha a famosa Biblioteca (a maior do mundo antigo), o Farol, uma das maravilhas do Mundo Antigo, rivalizava com Roma; foi conquistada por romanos, bizantinos, persas, até mesmo Napoleão e era a capital do Egito até que o país foi conquistado pelos árabes. No verão, Alexandria fica apinhada de turistas que vão em busca de suas praias e é um dos portos de escala de muitos cruzeiros marítimos pelo Mediterrâneo.

A melhor época para visitar o Egito é de outubro a maio, primavera e inverno local evitando os meses de verão (especialmente julho e agosto) quando as temperaturas ficam muito altas , prejudicando os passeios.