Inevitável pensar: como é que num território tão pequeno são somente 10, 400 Km2 de área- correspondente à metade do tamanho de Sergipe pode haver tanta coisa a ser vista. E há. Prepare as malas e o espírito para conhecer uma terra que tem mais de 10 mil anos de história, que foi o centro da Humanidade, pátria dos fenícios, os hábeis navegadores e comerciantes, de onde veio o primeiro alfabeto e tantos outros conhecimentos espalhados ao Ocidente. Para entender o Libano como ele é, basta lembrar que por ali passaram os gregos (depois da conquista de Alexandre) os egípicios, foi parte do Império Romano e Bizantino, tornou-se cristão até ser conquistada pelos árabes, no século 7, quando foi introduzido por lá o islamismo. Mais recentemente, a ocupação francesa trouxe novos aspectos ao país, inclusive a língua. Um pouco de cada uma dessas influências estão ali presentes de diferentes formas.
Ao norte de Beirute, a capital, fica Byblos, uma das mais antigas cidades do mundo onde estão sítios arqueológicos fenícios com cerca de 7 mil anos; entre as ruínas, vestígios de casas e templos e sistema de defesa idealizado por esse povo. Mas Byblos não vive só de história: suas praias estão entre as mais belas do Mediterrâneo.
Tiro , outro destino necessário a uma viagem ao Libano, concentra três grandes sítios arqueológicos romanos, com colunatas, banhos públicos, uma arena, catedral e os típicos mosaicos, como calçamento.Há ainda um hipódromo romano, talvez a ruína mais bem conservada, que comportava até 20 mil espectadores , encontrado há pouco mais de 40 anos.
Tudo no Líbano é muito próximo e, a menos de meia hora de Tiro fica Sidon ou Saidon, outra das antigas cidades-estado que rivalizava com Byblos e Tiro como potência naval e escala importante neste roteiro. Rodeada por lindos pomares de laranjas e limões tem, na enseada norte seu ponto forte: o Castelo do Mar, erguido no século 13, numa ilhota, pelos Cavaleiros de São João, cruzados, e cujo acesso é feito por uma ponte de 80 metros, também erguida pelos cruzados.Na cidade velha de Saidon com suas ruas estreitas e arcos, também vale a pena visitar o edifício do Khan as-Sabun, uma tradicional fábrica de sabão estabelecida por lá desde 1480, ou a Khan el Franj , construção do século 17, toda em arcos, galerias e um pátio central, que servia para acomodar mercadores europeus. Tripoli , a segunda maior cidade do Líbano ( não confundir com a capital da Libia ) como as outras, também é cheia de lembranças das numerosas civilizações que se sobrepuseram por lá. Arquitetura medieval, mercados, mesquitas, as ruas estreitas da cidade velha e um castelo do tempo das cruzadas enchem os olhos dos turistas.
Absolutamente cosmopolita, Beirute, que já foi chamada de Paris do Oriente, graças à influência sofrida durante o período de dominação francesa, abriga cristãos, sunitas, xiitas e drusos e em suas ruas ouve-se o árabe (idioma oficial) francês, inglês e também , turco, e armênio. A capital libanesa parece ter uma incrível capacidade de se recuperar. Passados 15 anos de guerra civil (1975 1990) a cidade Beirute está dividida em dois lados: o oriental, onde a maioria da população é cristã e o ocidental, predominantemente muçulmano. A mais moderna das cidades do Oriente Médio criou inclusive, um novo bairro boêmio, o Gemmayzeh, que fica na área central e que é puro agito, depois das dez da noite. Aliás, a vida noturna em Beirute merece estaque especial com seus restaurantes, beach clubs, centros de artes performáticas, cinemas, teatros, cassinos, baladas, pubs e bares. E Gemmayzeh, ponto obrigatório, onde o jantar começa tarde e beber ou dançar, mais tarde ainda.
Mas o dia também vale a pena em Beirute. No centro, na Place des Martyrs estão as ruínas dos Banhos Romanos, cercados de um agradável jardim, e a Mesquita Al-Amin, com seu belo domo azul e, do outro lado da praça uma das mesquitas mais antigas da cidade, a Al-Omari originalmente uma igreja cristã do tempo das Cruzadas. Outra dica: Saifi Village, com suas butiques de luxo erguido em área que havia sido totalmente destruída durante a guerra civil e bem perto dalí a Rua Gouraud que conseguiu sobreviver aos bombardeios e ainda conserva alguns edifícios da época otomana. Programa imperdível na cidade é o Gemmayzeh Café onde se ouve música árabe ao vivo e os clientes podem jogar gamão e provar o narguilé.
Pigeon Rocks é ponto turístico obrigatório, uma formação natural de onde se tem uma vista privilegiada do Mediterrâneo e também parada ebm vinda para café. A Solidére Clock Tower , construída pelos franceses,também é um dos cartões postais .
Em matéria de arqueologia, as Termas Romanas, descobertas em 1969 deixam ver o que foram as termas de Beirute e a Muralha Medieval na verdade, restos do muro que cercou Beirute na época medieval são lembranças do passado na cidade.
No aspecto cultural, destaque para: National Museum of Beirut, o principal museu de arqueologia do Líbano com mais de 100 mil objetos de diferentes períodos ou o AUB Museum, antigo acervo de arqueologia do Oriente Médio. Vale ainda visitar a Catedral Grega Ortodoxa de São Jorge, a igreja mais antiga de Beirute e a Mesquita Al-Omari que nasceu como igreja católica e tornou-se mesquita em 1291
Quer andar à toa pela cidade? Então o lugar é o Corniche, o calçadão à beira do Mediterrâneo com uma porção de restaurantes e bares onde é bom passear ou se exercitar ou apenas curtir o visual.
Os libaneses gostam de dizer que o país é tão pequeno que é possível esquiar nas montanhas ou tomar banho de mar no mesmo dia. O que, para os turistas, é uma tremenda vantagem. Bem pertinho de Beirute - menos de 20 km- fica Jounieh, numa encosta montanhosa cheia de penínsulas. Numa dela fica o Casino Au Liban que era ponto de encontro favorito do Jet set internacional nos anos 60 e 70. Outro destaque de Jouieh é a imagem de Nossa Senhora Harissa que, como o nosso Cristo Redentor, olha do alto da montanha e para onde se vai de teleférico,partindo da praia. Bom de dia, melhor de noite quando Jouieh se agita, especialmente nos meses do verão, com restaurantes lotados e muita dança do ventre.
A partir de Beirute também é muito fácil ir a Baalbek,outra das cidades históricas do Líbano com verdadeiras preciosidades do tempo dos romanos, com sua acrópole e o Templo de Júpiter, Baco e Vênus. A cidade , conhecida como a morada do oráculo é também famosa por uma plataforma - o terraço de Baalbek feito com enormes pedras, algumas das quais pesam quase 2000 toneladas que esotéricos atribuem a extra-terrestres.Verdade ou não, merece a visita.
Verões quentes, na casa dos 30 graus, época em que se colhem as cerejas e uvas; invernos frios (-5º), quando o agito fica nos seis resorts de neve- o mais alto deles a 2800m -;outonos bem definidos, tempo da colheita de maçãs e de azeitonas e da sua prensa para produção de azeite e primaveras mornas, ideais para trilhas nas montanhas.
O centro de Beirute é o paraíso das compras. Roupas de grife, jóias e acessórios , sapatos,das melhores marcas européias chegam primeiro a Beirute do que a qualquer outra capital do oriente. O endereço? Rue Hamra. Para pechinchas , o mercado das pulgas, nas ruas de Basta Tahta e a cidade é também ideal para quem quer comprar tapetes novos ou antigos. Lembrancinhas e pequenos presentes do Líbano: sabonetes feitos com óleo de oliva, talheres com cabo de chifres de animal, bandejas com desenhos de arabescos, disponíveis em lojas pela cidade e souvenirs artesanais, nas lojas do Ministério da Cultura, perto do calçadão.
Em matéria de gastronomia, os brasileiros estão praticamente em casa. A imigração libanesa no Brasil nos familiarizou com pratos dessa deliciosa cozinha rica em azeite de oliva, em carne de carneiro, em berinjelas, abobrinhas , iogurtes, queijos, pepinos, ervilhas, nozes, tomates e gergelim seja em semente, em pasta ou em azeite. Uma delícia ao paladar provar, na terra de origem, os conhecidos kaftas, quibe, tabuli, babanaguche, folhas de uva recheadas e tantas outras delícias e também os doces, cheios de mel, amêndoas, nozes. Para beber? Muito café, naturalmente sem coar, o jellab, refresco preparado com uva passa além de vinhos locais e da aguardente típica, o arak que se bebe com água e gelo.