Se o mundo tivesse uma capital, sem dúvida seria Nova York. A maior cidade norte-americana é, de longe, a mais pluricultural, a mais poderosa, a mais majestosa, a mais rica... enfim, é uma cidade superlativa.
Sua porção turística está concentrada na ilha de Manhattan, um grande pedaço de terra abraçado por dois rios East e Hudson no exato momento em que encontram o oceano atlântico. Curioso que este pedaço de terra, hoje a quintessência do poder, foi outrora comprado dos índios locais por uma bagatela. O primeiro grande negócio da cidade.
E a cidade nasceu ao sul de Manhattan, perto de onde funcionava o porto. Lá é, até hoje, downtown, ou seja, o centro. E um poderoso centro, já que lá está a famosa Wall Street, a rua da bolsa de valores e coração financeiro da cidade, do país e quiçá do mundo. Nas ruas ao redor estão inúmeros outros edifícios que exalam poder. E estavam também as torres gêmeas do World Trade Center, hoje o chamada Marco Zero, e em breve um novo símbolo do poderio local.
Perto de Wall Street, bem no extremo sul da ilha, está o Battery Park, de onde se avista a famosa Estátua da Liberdade, assentada em uma ilhota perto da costa. Se é sua primeira vez em Nova York, prepare-se para uma certa decepção: a estátua é minúscula, em comparação com os gigantescos arranha-céus da cidade. Para vê-la de perto, que é o mais interessante, você precisa pegar uma balsa lotada de turistas que te leva até a ilha. Lá você pode apenas andar em volta da estátua, ou se arriscar a subir por dentro dela, até a coroa. Mas prepare-se para um tropel de turistas aqueles que estavam na balsa.
Como a parte sua de Manhattan nasceu sem planejamento, ali as ruas são estreitas e sinuosas. E as ruas recebem nomes, e não números, como acontece mais ao norte. Berço de milhares de imigrantes, Nova York desenvolveu bairros temáticos. Little Italy é o bairro dos italianos (e dos antigos mafiosos) e China Town dos asiáticos, mas principalmente chineses. No primeiro você encontra as deliciosas cantinas italianas, e no segundo os deliciosos artigos de procedência duvidosa, mas a preços camaradas.
Outras regiões de Manhattan ganharam seu nome a partir da referência geográfica. O bairro do Soho é a região ao sul da rua Houston (SOuth oh HOuston); Tribeca é o triângulo abaixo da rua Canal (TRIangle BElow CAnal). As duas regiões ficaram abandonadas por um bom tempo. Os antigos armazéns não tinham mais serventia. Até que os descolados resolveram aproveitar os preços baixos e criaram o conceito de loft a ocupação residencial de espaços amplos e sem paredes. Logo virou febre, e vieram os restaurantes moderninhos, as galerias de arte, os hotéis boutique. Hoje tanto o Soho quanto Tribeca são hoje sinônimos de vanguarda, elegância, modernidade. Os aluguéis, é claro, subiram.
Na fronteira da downtown com Midtown está o bairro de Greenwich Village ou, para os íntimos, o Village. Desde os anos 70, o bairro abriga a colônia GLS da cidade. E também uma vida noturna fervilhante, ajudado pela proximidade da universidade de Nova York. Foi neste bairro, nos anos 70, que surgiu um grupo que cantava sucessos de ritmo muito dançante, com letras maliciosamente de duplo sentido. Sucessos como YMCA, In the Navy e Macho Man eram referências claras ao estilo de vida homossexual que começava a ser aceito. Não por acaso, esse grupo recebeu o nome de Village People (As Pessoas do Village). Até hoje o Village é referência em assuntos GLS.
Para cima do Village, a cidade de Nova York foi planejada. O que facilita bastante a orientação. Basicamente temos as avenidas indo de norte a sul, numeradas a partir do leste; e as ruas, indo de leste a oeste, numeradas a partir do sul. Quebrando a monotonia, temos a Broadway, que é uma avenida que começa bem ao sul, e vai até o norte da ilha, mas segue em diagonal, cortando as avenidas.
A Broadway era uma antiga trilha aberta pelos índios (aqueles que venderam a ilha), e que foi aproveitada na urbanização. Como ela corta as avenidas de forma oblíqua, forma bicos, que acabam sendo bem distintos. Num deles está o famoso Flat Iron Building, o Edifício Ferro de Passar. Como se deduz, o formato do prédio é bicudo. Para quem não conhece, aparece no filme Homem-aranha, como sendo a sede do jornal Daily Bunge.
Outro cruzamento da Broadway, desta vez com a sétima avenida, produziu um dos lugares mais famosos do mundo, a Times Square. Essa você com certeza já viu um cruzamento cheio de luminosos empilhados, onde os novaiorquinos vão celebrar o ano novo. Nesta mesma praça estão os teatros da Broadway, com as peças mais badaladas e mais produzidas do mundo. Sem falar de algumas megalojas e vários restaurantes. A praça que não é uma praça, mas sim um cruzamento recebeu este nome porque lá fica o edifício onde funcionava o jornal The Times aliás, um belíssimo edifício.
Para quem gosta de arquitetura, Nova York é um prato cheio. Os edifícios clássicos possuem detalhes incríveis, como gárgulas, telhados, terraços... O problema é que tudo isso costuma estar bem no alto e por lá qualquer edifício tem pelo menos 40 andares. Por isso, um binóculo é uma arma poderosa para os amantes da arquitetura. Veja alguns edifícios que valem ser observados:
Chrysler Building Talvez o mais bonito de Manhattan, possui uma cúpula inconfundível.
Rockfeller Center O emblemático endereço aonde, no Natal, se monta uma pista de patinação.
Dakota Building O prédio onde John Lennon morava quando foi assassinado também é famoso por sua arquitetura.
Empire State Building Com a queda do WTC, o Empire State voltou a ser o edifício mais alto de Nova York, com 102 andares. Bonito de se ver de longe, mas também ótimo para se subir ao terraço e ver Manhattan em 360º. E, de quebra, reviver dois filmes clássicos Tarde Demais para Esquecer e Sintonia de Amor.
Encravado no coração de Manhattan está um gigantesco quadrilátero verde. É o Central Park. Doado a cidade por um magnata, com a condição de que fosse para sempre um parque. É o único lugar em Manhattan onde se percebe alguma elevação, já que todo o resto da ilha foi aplainado. O Central Park é tão grande que é preciso visitá-lo por regiões. A parte mais ao sul, perto do famoso hotel Plaza, concentra as carruagens para passeios de turistas ou de apaixonados; a parte norte é a mais selvagem, e lá está inclusive o zoológico de Nova York; a parte central, a oeste, abriga o maior lago e também o Strawberry Field, o memorial a John Lennon (que morava bem de frente ao parque); já parte central, a oeste, abriga o MET, o Metropolitan Museum.
O Metropolitan é o maior e mais completo museu de Nova York. Possui de tudo um pouco: desde tumbas egípcias até arte francesa do século XIX, passando por tudo que está entre os dois. O divertido é que as paredes do museu, seu piso e sua decoração mudam de acordo com o que está sendo exposto. Assim, na ala egípcia as paredes são de pedra; na ala renascentista, são de madeira decorada. Ajuda a entrar na magia.
Outro museu interessante é o Museu de História Natural. Um clássico dos museus, com direito a esqueleto de dinossauro no saguão de entrada. Nos displays, vários animais empalhados do mundo inteiro.
Se o negócio é arte moderna, dois museus são imperdíveis: o MoMA (museu de arte moderna), com obras de Monet, Picasso e companhia e o Guggenhein, no emblemático edifício redondo você sobe até o topo e vem descendo, vendo obras de arte moderna.
Nova York, como seria de imaginar, é desesperadoramente atraente para as compras. Na rua 42, entre a sexta e sétima avenida, está a Macy´s, uma loja que toma literalmente um quarteirão dos grandes. A Virgin Store, em Times Square, é outra megaloja. Mas há um sem fim de outras, espalhadas especialmente na região de Midtown, algumas caras, outras incrivelmente baratas ou com descontos espetaculares. Só fuja das lojas com o aviso Going out of business ou Everything must go. Você não tem tanta sorte, estas lojas estão para fechar há anos. E nunca fecham, enquanto houver turistas.
Se o negócio é fazer compras chiques, tente as lojas da quinta avenida. Lá estão as melhores grifes do planeta, mas prepare-se para preços estratosféricos. Você está numa loja chique, na avenida mais chique da cidade mais poderosa do mundo. Não dá para querer pechincha.
Pechincha tem em Chinatown. Mas, como seria de se esperar, a procedência é duvidosa. Há quem não se importe e, se este é seu caso, dá para achar um boné dos Yankees por cinco dólares.
Como Manhattan é uma ilha, nada mais normal que existam pontes ligando ela aos vizinhos. E até as pontes são uma atração, especialmente a Brooklyn Bridge (que liga a ilha ao bairro do Brooklyn) e a George Washington Bridge. Ambas feitas em pedra, numa época em que não bastava simplesmente ligar os dois lados era preciso fazer isso com estilo.
Um dos melhores lugares para ver as pontes e no Píer 19, um antigo píer que foi renovado e hoje abriga uns cafezinhos com vista para o rio. Prefira o por do sol, que deixa a vista ainda mais bonita e de lá dá para emendar um happy hour.
Nova York é muito Manhattan, mas não é só. Outros bairros são famosos como o Harlem, antigo bairro dos negros, no extremo norte da ilha de Manhattan. Lá está o famoso teatro Apolo, onde começaram a carreira inúmeros artistas de sucesso como Ella Fitzgerald e Sammy Davis Jr.
O Bronx e Brooklyn são outros boros (vizinhos) de Manhattan, mais residenciais. Flushing Meadows abriga o famoso torneio de tênis; Staten Island é outra ilha, sossegada e residencial.
Mas se você nunca foi a Nova York, concentre-se em Manhattan. Há tanta coisa para fazer que é fácil passar uma semana e nem perceber. Difícil vai ser esquecer sua viagem a cidade de que nunca dorme.